Lendo uma entrevista com a escritora Camille Paglia esta semana, me veio uma reflexão sobre o feminismo. Mulheres queimaram soutiens e execraram o uso da maquiagem no final da década de 60, exigindo igualdade e os mesmos direitos que os homens. Como este processo evoluiu 50 anos depois ?

De fato, as mulheres conseguiram seu lugar ao sol. Algumas são executivas bem sucedidas em grandes empresas, podem dizer que conseguiram equiparar seu salário ao dos homens. Mas qual foi o verdadeiro ganho que elas tiveram ?

Acredito que homens e mulheres devam ganhar o mesmo salário desempenhando a mesma função, partindo do princípio de que ambos têm a mesma capacidade intelectual e o mesmo nível de formação, portanto, não há por que a faixa salarial ser diferente ao desempenharem a mesma função, mas as feministas estavam certas ao declararem que homens e mulheres são iguais ?

Não, não são. Os homens sempre ganharam mais que as mulheres, pois numa época em que a força era exigida para o desempenho de suas funções, era evidente que o homem tinha mais força e capacidade física do que as mulheres. Apenas com o advento de funções intelectuais e/ou burocráticas, em que a força física não era mais necessária para o desempenho da função é que a igualdade pôde ser exigida.

Mas a mulher tem um 6o. sentido, uma doçura, uma fragilidade que a faz ser diferente, muito além da anatomia. A mulher engravida, pare um filho, tem uma ligação com ele durante 9 meses, quando o pai é apenas um coadjuvante. Laços entre pais e filhos serão formados e fortalecidos com o convívio, convívio este que a mãe tem intensamente com a criança em seu ventre.

Ao queimar soutiens e abolir a maquiagem, a mulher se masculinizou e abriu mão de ser ela mesma. Imagine uma mulher no final da década de 60 dizer que seu projeto de vida é ser mãe – coitada ! Ela era mãe porque não tinha opção, não havia estudado, havia sido concebida para cuidar da casa, e consequentemente dos filhos. Mas por que esta ideia de que cuidar de filhos é algo menor ?

Não vejo algo mais nobre do que cuidar, moldar o caráter de um ser. Ser para o seu filho o exemplo de tudo o que você acredita. Cuidar dele para que ele seja íntegro, honesto, humano, generoso com as pessoas.

Evidentemente a mulher pode e deve desejar uma carreira profissional – se este for seu desejo, e não uma imposição de mulheres feministas, que chegaram a iludir as mulheres dizendo que os filhos poderiam vir depois, e que a carreira era o mais importante.

Nosso corpo tem limites para uma gestação, não é saudável e nem aconselhável ser mãe aos 50 anos.

Defendo aqui a liberdade de escolha para as mulheres : quer investir em sua carreira ? Vá em frente. Quer investir na educação dos seus filhos ? Vá em frente também. Consegue conciliar ambos sem culpa ? Parabéns para você ! O mais importante é não se deixar levar pelas imposições da sociedade, cada mulher deve ser livre para poder escolher o que deseja.

As mulheres que conciliam carreira e filhos, vivem uma tripla jornada : trabalhar fora, cuidar da casa e cuidar dos filhos.

Recentemente vejo os homens mais preocupados e interessados em dividir esta tarefa, como se já tivessem percebido que cuidar dos filhos é muito mais um prazer do que uma obrigação moral a ser dividida com sua esposa. Os filhos crescem rápido, não terão esta idade que têm hoje por muito tempo, e curtir cada fase de seu filho é surpreendente.

Acompanhar cada descoberta das crianças, vê-las intuitivamente apontando o controle remoto para a televisão, pois já entenderam que é assim que funciona. Ou observar suas perguntas, suas curiosidades. Minha sobrinha Bia, quando tinha 6 anos, ao me ouvir dizer ao meu marido que eu levaria nosso cachorro ao veterinário, veio com esta pergunta :
– Tia, o que é veterinário ?
– É um médico de cachorros (naquele caso).
– Tia, médico de cachorro é cachorro ?

Poder apreciar situações como esta nos dá um sabor especial à vida. Lembrar de quando éramos crianças, de como pensávamos e como raciocinávamos, e assim, acompanhar o crescimento de nossas crianças de perto, com atenção e carinho. Feministas, pensem nisso.

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