Este texto que o Kanitz escreveu é bem interessante, especialmente porque é raro vermos a ótica masculina em relação á educação dos filhos :

O Manual de Instruções da Família – Stephen Kanitz

Aproveite ao máximo o nascimento do seu filho.
Todos os seus amigos estarão lhe visitando, sua esposa e sua sogra provavelmente estarão dizendo como o filhote se parece contigo, a maioria das amigas fará o mesmo.
A ficha vai caindo lentamente de que naquele momento seu mundo mudou, e para melhor.
Se a sua vida não tinha significado, agora você perceberá que terá. Se você não sabia qual era o significado da vida, agora você vê uma das possibilidades.
Se você achava que não era ninguém na vida, que ninguém lhe dava a mínima importância, agora tem alguém em casa que vai achar que você é o máximo e que é a pessoa mais importante do mundo.
Não comece a relação entre vocês sendo um pai ausente.
Tendo esperado seis anos para aquele momento, eu literalmente mudei para o hospital. Naquela época ficava-se no mínimo cinco dias depois de uma cesárea.
Acampei no quarto que a Lilian estava internada, e graças a Deus, naquela época ainda não havia Blackberry, internet e celular.
Um dos comentários que fiz com todo mundo, como brincadeira, foi achar um absurdo que bebês não vinham com um manual de instruções.
“Televisões e videocassetes vêm com manual de instruções, é um absurdo que Deus não enviou um manual para um produto tão mais precioso e complexo que é um bebê.”
A Bíblia diz muito pouco sobre o cuidado com os filhos, além de “ame-os”, uma frase que a maioria dos pais nem sabe exatamente o que significa.
Não demorei um mês para perceber que Deus não é imprevidente.
Cada bebê vem com um manual de instruções muito bem detalhado, mas ninguém percebe. A gente que não se dá ao trabalho de ler.
Muitos nem ENXERGAM o manual que está ali pronto para ser usado. Não abrem nem folheiam, nem se dão conta deste valioso veículo de informações.
Cada filho vem ao mundo acompanhado de um manual de instruções belíssimo, simples e perfeito, e a única coisa que precisamos fazer é ouvir.
É um manual moderno, um manual de instruções falado e não escrito.
Basta ouvir o que nossos filhos dizem e guiar as suas ações por eles. Nos primeiros meses eles simplesmente choram, e cada choro tem uma causa. Pode ser fome, dor ou medo. Eliminada a fome, dor ou medo, o choro cessa conforme as instruções.
Quando eles crescem, a maioria das crianças vai dizer tudo, na lata, com a maior inocência e sinceridade e basta seguir ouvindo o que dizem.
Você a rigor não precisará dar um conselho, uma instrução, um comando, se ouvir atentamente os seus filhos.
Quando eles vierem com dúvidas sobre se devem fazer A ou B, só de ouvi-los atentamente eles irão perceber as suas reações quando ouviu A e as suas reações quando ouviu B.
Você não precisa nem deve optar por A ou B. “A decisão é sua meu filho, eu acho que você já tem a capacidade de resolver esta questão sozinho. Você só precisa refletir mais um pouco sobre o assunto e chegará à conclusão de qual alternativa é a melhor.”
“Se amanhã você ainda tiver dúvida, eu lhe conto a minha opinião, mas é melhor para a sua educação e futuro que você consiga escolher sozinho entre as suas opções.”
Se forem espertos já perceberam a sua opinião, embora você não a tenha dito. Aí, a decisão será sempre deles e não mais uma imposição dos pais.
As crianças são esponjas, eles ouvem tudo o que vocês falam, somos nós pais que não ouvimos o que eles dizem.
Nosso ensino, por ser terceirizado, é baseado no autoritarismo intelectual. Foi o ensino que você provavelmente teve.
Aluno não fala, ouve. Professor não ouve, fala. Quem é inteligente é o professor, criança é burra.
Justamente o contrário do que seria, se você pai fosse o professor do seu filho.
O verdadeiro professor ouve, não fala. O verdadeiro professor quer que seu aluno aprenda a aprender sozinho, que use o seu professor só quando encontrar um obstáculo intransponível, não todo dia, toda semana.
Faça com os seus filhos algo que os professores não fazem e nunca farão. Ouvir com força. Você já sabe falar com força, que é o termo gritar, berrar, praguejar.
Curiosamente não desenvolvemos um termo para ouvir com força, com atenção, com determinação.
Lembre-se. O seu filho/a é o grande manual de instruções que vem anexado a cada ser humano, e ninguém até hoje lhe alertou para consultar.
Não são manuais tão confusos e complicados, quanto os manuais da Sony, Motorola e Microsoft.
Mas mesmo assim, você tem que ter paciência e determinação para descobrir o que realmente estão dizendo.
Mas é um manual infalível, está tudo lá, não há como errar.

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