A morte de Robin Williams - mais um alerta sobre depressão

Fiquei muito surpresa ao saber da morte de Robin Williams. Primeiro, por ele ser ainda tão jovem, com tanta disposição e tanto talento para nos presentear com atuações marcantes e singulares. E depois pelo fato de ter sido suicídio – ato este decorrente de uma depressão profunda.

Muito se falou sobre a morte de um ator tão jovem, do quão talentoso ele era e dos vários filmes que ele fez, mas numa medida bem menor se falou da depressão, deste mal do século que mais uma vez levou um ser humano a tirar sua própria vida.

A morte dele deve nos servir de alerta para algo muito sério que está acontecendo em nossa sociedade. Das dimensões da depressão na vida das pessoas, neste momento em que a sociedade vive dias cada vez mais atribulados. Será que esta morte poderia ter sido evitada ?

Eu poderia dizer que nossa sociedade está perdida, que as pessoas continuam cada vez mais, buscando mais o TER do que o SER. Poderia também dizer que nos é ainda mais chocante constatarmos a morte de um ator que nos fazia rir, que tinha um carisma enorme, quando na verdade a dor dele era certamente uma dor decorrente de uma tristeza profunda, de um interior abalado, provavelmente desnorteado.

Posso também dizer do componente genético existente nos portadores de depressão, e também dos diversos tipos de medicamentos e tratamentos para este mal. Tudo isto também explica a depressão ou o aumento de casos de pessoas depressivas em nossa sociedade atual.

Mas eu ousaria dizer que um dos tratamentos para este mal pode ser relativamente simples e eficaz : deixarmos de pensar somente em nós, em nos colocarmos no centro de nosso mundo, para pensarmos mais no outro e em suas necessidades.

Como já disse, existe um componente genético para a depressão. Também existem remédio que com um acompanhamento sério e constante são grandes aliados para combater este mal. Mas com tudo isto, acredito que seja muito importante que o deprimido seja capaz de enxergar mais o mundo e as pessoas ao seu redor.

Quando nos tornamos mais empáticos, mais preocupados com os problemas dos outros, percebemos nosso grande potencial em ajudar. Sentimos neste momento um bem estar enorme em fazer o bem. Ao nos doarmos, somos presenteados com gratidão, respeito, carinho…pois damos gratidão, respeito e carinho ao outro que muitas vezes precisa tanto de nós, sem saber o quanto precisamos dele, simplesmente por ele nos dar a oportunidade de sermos pessoas melhores.

Elencaram grandes sucessos do Robin Williams no cinema, não incluíram o filme “O homem bi-centenário”, provavelmente por não ter sido grande sucesso de público. Pois este foi para mim, ao lado de “Sociedade dos Poetas Mortos” e “Gênio Indomável”, um dos melhores trabalhos de sua carreira : um não humano querendo ser humano, querendo sentir, amar e ser amado, como nós seres humanos temos o privilégio de ser.

Sinto pela morte dele, pela dor da família e pela lacuna que ele nos deixa com seu grande talento. Sinto também por todos os depressivos e seus familiares, que convivem constantemente com este mal.Que possamos fazer da ausência do Robin Williams, um momento de reflexão para nossa sociedade atual e para o ser humano que queremos ser.

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