Acabo de ler um artigo muito interessante sobre o WhatsApp. O autor se mostrou muito descontente com o aplicativo e cancelou sua conta ao perceber que as pessoas valorizavam muito mais o aplicativo, as postagens, os recursos de envios de fotos e vídeos do que sua companhia. Esta é uma atitude que vejo crescendo assustadoramente todos os dias, e aí me vem uma pergunta pertinente : o seu smartphone é seu melhor amigo ?

O fato é que hoje as pessoas querem parecer legais, antenadas, descoladas, enturmadas, requisitadas…e tudo o mais que se possa imaginar e que muitas vezes não o são. Qualquer ato é motivo para postar nas redes sociais. E isto tem me surpreendido muito – será que os outros estão mesmo interessados em nossas vidas ?

Uma amiga postou uma foto no Facebook e lá está o post dela sobre esta foto no twitter. Outro pediu um comida por delivery e posta a foto morto de fome. Outro faz check in a cada lugar que vai, como se realmente fizesse diferença para mim o local em que ele se encontra naquele momento.

Tudo isso me chama muito a atenção porque está cada vez mais raro o relacionamento olho no olho, real, frequente e prazeroso.

Em bares e restaurantes, vejo casais sentados, cada um com sua bebida e seu smartphone na mão. E a conversa entre eles, não rola?
Tenho clientes que realmente se deprimem ao ver tantas notícias e fotos maravilhosas no Face dos amigos, de um ex ou de um colega de trabalho. Por acaso alguém posta se perdeu dinheiro na bolsa de valores ? Ou se engordou um pouco, ou se brigou com seu melhor amigo ?

Me parece que as pessoas estão cada vez mais interessadas em somente parecer que estão felizes. Quem de fato saberá que não estão ? Tive uma cliente que se dizia estar muito feliz, porque quando se sentia sozinha abria o Facebook e lá encontrava mais de 100 amigos. São amigos mesmo ? Outra terminou um relacionamento, acompanhava com ansiedade a vida do ex e todas as fotos e postagens maravilhosas feitas por ele. Certo dia se encontrou com um amigo em comum, o ex estava em frangalhos – mas isto ele não postou, não é mesmo ?

Eu sei como era o convívio das pessoas antes das redes sociais – era verdadeiro, ou não existia. Encontrar um amigo, ir a um bom restaurante, se encantar com um filme em cartaz no cinema eram novidades compartilhada pessoalmente ou por telefone, com detalhes e prazeres na narrativa. Quem sabia destes seus pequenos prazeres ? As pessoas com quem você conversava, certamente.

Mas o dono da padaria da esquina da sua casa precisava saber também ? Creio que não.Creio também que ele não tinha nenhum interesse em saber com quem você esteve ontem – a não ser que o padeiro fosse apaixonado por você.

Não vou entrar no mérito da segurança, que por si só daria pra escrever outro artigo, mas será que as pessoas não percebem o perigo que é postarem tudo o que acontece em suas vidas ? Uma viagem, uma casa nova, um carro novo – tudo pode chamar a atenção de pessoas mal intencionadas.

Por isso te convido para uma reflexão sincera consigo mesmo : se seu smartphone é seu melhor amigo, tem alguma coisa muito errada com você. Claro que a tecnologia nos traz comodidades, e quem não gosta desta vida mais prática que temos hoje ao carregarmos a internet no bolso ?

Mas as relações humanas são preciosas, nelas crescemos, aprendemos a tolerância, a admiração, amadurecemos nossos valores, nos frustramos – por que não ? As dores e mágoas fazem parte da vida – e nos fazem pessoas melhores também. Pense nisso.

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