Na semana passada passamos por uma situação muito difícil : por alguns instantes pensei que tivéssemos que sacrificar nosso cachorro. Temos um boxer chamado Chico, que está com 11 anos e meio, e tem sido nosso companheiro de jornada desde então, uma alegria em nossas vidas. Naquele instante, nada mais no mundo importava que não fosse salvar o Chico e vê-lo feliz novamente. Naquele instante o mundo para mim estava em câmera lenta.
Dirigindo pelas ruas, vendo os carros apressados, as ruas lotadas e o trânsito lento, pensei : pra que tanta pressa ?
Ao ver as pessoas ao telefone, pensei : pra que falar tão alto ? Por que tanto entusiasmo para uma conversa geralmente tão
efêmera ? Quantas pessoas neste momento estão passando pelo mesmo que eu : uma doença, pouca perspectiva de vida, iminência de perder uma companhia querida, que pode ser um parente, um amigo e também um animal de estimação.
E o tempo foi passando, eu e meu marido fizemos uma peregrinação de exame em exame (ultrassom, raio x, ecografia), de veterinário em veterinário, e tínhamos apenas uma convicção : não queríamos que o Chico sofresse.
Se o bem dele fosse abreviar sua vida, evitando assim maiores sofrimentos, isto seria feito. Se o bem dele fosse buscar alternativas de tratamento que nos permitisse mantê-lo em nosso convívio sem sofrimento, isto seria feito. Mas tínhamos uma fé inabalável : tudo acabaria bem.
Quantas vezes não nos desesperamos e deixamos de pensar racionalmente no que deve ser feito ? Quantas vezes caímos em lamentação e perdemos a força de vontade de lutarmos pelo que desejamos ? E quantas vezes nem mesmo sabemos o que desejamos ou por onde começar ?
Neste mundo em câmera lenta, nada era mais importante pra nós do que o Chico naquele momento. Acreditamos numa força maior, acreditamos que seríamos guiados para o melhor, e assim foi o que aconteceu.
Hoje o Chico está ótimo. Tomando muitos medicamentos, comendo uma ração especial e sempre em nossa observação. A crise em que ele se encontrava na semana passada foi sanada no mesmo dia, já à noite, e estamos muito felizes por vê-lo novamente saudável.
Agradecemos todos os dias por tudo o que passamos, pelo aprendizado, pela oportunidade que temos de ainda conviver com o Chico por mais um tempo. Agradecemos porque não desistimos, tentamos de TUDO, demos o nosso MELHOR para que ele ficasse bem.
Espero que esta história possa inspirar muitos a não desistirem, a darem o seu melhor. E se, por um acaso, o fim não for o melhor esperado, sabemos que o fato vivido terá gerado um crescimento e um amadurecimento que serão muito necessários para novas situações que aparecerão em nossas vidas. Mas não há nada como dormir tranquilo e saber : “Eu dei o meu melhor”.