Ontem li uma crônica muito boa do Walcyr Carrasco sobre Natal. Ele dizia da obrigação que a sociedade nos impôs em sermos felizes nesta data, em comemorarmos com grandes jantares e troca de presentes. Comentou ainda que houve um Natal em que passou sozinho (involuntariamente), e se sentiu muito mal, ao ouvir as casas ao lado comemorando, bebendo e exalando felicidade naquela noite.
Sabemos que os índices de suicídio aumentam nesta época do ano, infelizmente. Recebemos doses cavalares de propaganda, para que compremos os melhores presentes, e realizemos assim nosso grande sonho de consumo, às vezes represado durante todo o ano, e agora ao nosso alcance com o recebimento do 13o. salário.
Nossa sociedade está doente. Falam de comidas, presentes, comemorações, mas pouco se fala sobre o aniversariante, sobre a origem desta data. Poucos se lembram neste dia, de agradecer a este ser tão iluminado que veio à Terra nos deixar uma grande lição : “Amai uns aos outros como eu vos amei”.
Não somos perfeitos, todos temos arestas que precisam ser aparadas. Talvez ainda não tenhamos alcançado a sabedoria de amar a todos, de não ter nenhum ressentimento ou tristeza em relação aos outros, mas ainda assim, amamos. Amamos nossos cônjuges, nossos filhos, nossos pais, nossos amigos, e uma infinidade de outras coisas… Um nascer do sol, uma música, um momento de quietude quando conversamos sozinhos, cada um consigo mesmo, e admiramos várias de nossas virtudes – e nos inquietamos também, pois ainda temos várias questões a serem resolvidas.
Neste Natal, lembre-se do aniversariante. Lembre-se que o dia é Dele, e que presentes e comilanças são mero detalhe. Mas a oportunidade de estarmos junto às pessoas queridas é o que realmente importa.