Aprendemos desde crianças a sermos crianças educadas, obedientes, comportadas. Que devemos ouvir os adultos, estudar, respeitar o professor, não zombar dos outros. E eis que me deparo com uma matéria sobre a terceirização da educação dos filhos. O que seria isso ?
Em palavras simples, delegar a educação dos seus filhos para outras pessoas. Vejo a todo instante adultos que desejam ser pais, mas que não fazem a mínima reflexão sobre esta escolha. Isto quer dizer que não querem dedicar seu tempo aos seus filhos, querem apenas se dedicar a si mesmos. E assim, terceirizam a educação dos filhos para a babá, escola, para os avós…. ou para ninguém.
Evidentemente que existem situações em que os pais precisam trabalhar e de fato têm menor convívio com seus filhos. Mas me preocupo muito mais com o tempo de qualidade do que a quantidade de tempo dedicada aos filhos. E na terceirização da educação, não há nem tempo de qualidade e nem de quantidade para a família.
Ir a restaurantes e me deparar com uma família inteira sem conversar, cada um focado em seu celular, já virou rotina. Pais que carregam tablets para que seus filhos se comportem à mesa. Neste caso, terceirizaram a educação dos pequenos para os desenhos e jogos, quanto mais coloridos e barulhentos, melhor.
Estas crianças estão crescendo sem referência de certo e errado, ou com referência incongruente, em que o pai diz algo mas a mãe discorda. Ou discorda dos avós, ou da escola, ou da empregada… mas nunca discorda do próprio filho. Pais que nunca têm olhos suficientemente abertos para verem que os filhos estão crescendo sem parâmetros, sem limites, sem respeito.
Por serem mimados e prontamente atendidos pelos pais – que carregam uma culpa imensa por não darem a devida atenção aos filhos – as pessoas estão cada vez mais individualistas. Não conseguem refletir sobre as diferenças da vida, sobre a tolerância para com os menos favorecidos ou sobre o respeito que todos merecem. A vontade deles deve ser atendida e ponto final.
Adler disse uma frase marcante que reflete bem o que estamos vivendo, convivendo com psicopatas e sociopatas, que podem estar ao seu lado e você ainda nem percebeu : “É o indivíduo que não está interessado no seu semelhante quem tem as maiores dificuldades na vida e causa os maiores males aos outros. É entre tais indivíduos que se verificam todos os fracassos humanos.”
A partir desta reflexão, proponho que você olhe para o seu lado. Para seu colega de trabalho que pode estar passando por alguma dificuldade, para seu filho que vive trancado no quarto, para seu cônjuge que se esconde na frente da televisão todas as noites para não ter que enfrentar os problemas da família.
Doe um pouco do seu tempo, do seu afeto – talvez do seu dinheiro – da sua atenção, para as pessoas ao seu redor. Tenha um ouvido atento, uma sensibilidade apurada, ofereça um ombro amigo a quem precisa, um abraço apertado a quem merece. O presente maior será seu !