Atendo muitos casais nestes anos de trabalho e percebo que muitas vezes o que lhes falta é um ajuste em relação às suas diferenças. Vejo casais que se gostam e querem partilhar a vida juntos, mas que por verem a vida de formas diferentes, vivem em conflito e após anos de brigas chegam à conclusão de que o melhor para eles é a separação.
Seria bom que as pessoas que se casam tivessem em mente que um casamento nada mais é do que unir duas pessoas diferentes com suas diferenças. Isto quer dizer que para um bom convívio, ajustes serão necessários. Que cada um terá que ceder um pouco, pois num casamento não é mais possível que só a vontade de um prevaleça.
Com a chegada dos filhos, mais ajustes serão necessários, pois estamos falando da educação de um ser. Eles devem chegar num acordo quanto a esta educação e evitar atrito perante os pequenos. Pois o atrito lhes deixa marcas, medos, gera insegurança e confusão em cabecinhas tão pequenas que estão aprendendo com os pais o que é certo e o que é errado.
Já que as diferenças existem e são inevitáveis, há de se pensar que o melhor caminho para a conciliação e o consenso no casamento seja através dos valores. Vocês podem ter escolhas profissionais diferentes, um vir de uma família mais pobre e outro de uma família mais rica. Podem vir de famílias grandes ou pequenas, podem estar em fases diferentes em que um prioriza a carreira enquanto o outro prioriza as finanças. Mas quanto mais afinados seus valores estiverem, maiores as chances de resolverem seus conflitos e superarem os atritos e as diferenças.
Se um gosta de balada e o outro é caseiro, é possível conciliar ? Se um é mais comunicativo e gosta de encontrar os amigos e o outro é mais introspectivo e não quer ver ninguém, dá pra conciliar ? Se um quer dinheiro a todo custo e faz horas extras intermináveis enquanto o outro prioriza a família, é possível conciliar ?
Muitas outras perguntas podem ser feitas neste sentido, mas é importante ter em mente que as diferenças podem ser decorrentes da fase vivida e não serem permanentes. Numa situação de desemprego, é evidente que a economia do dinheiro e o corte de supérfluos são mais necessários do que numa época em que as finanças estão em dia. Mas e se não for uma fase ? E se um for sempre mesquinho e outro um grande mão aberta, é possível este convívio sem atrito ?
Ao pensar no seu casamento, analise com quais diferenças é possível você conviver e lidar. Admire os pontos positivos do seu cônjuge, lembre-se do que fez você se apaixonar por ele. São questões simples e de grande reflexão, que podem lhe ajudar nas soluções dos conflitos e das suas diferenças.