Na semana passada, tive a oportunidade de participar de uma palestra muito interessante sobre Autismo e Psicanálise. Durante meus estudos em minha formação como Psicanalista Clínica, confesso que o autismo sempre me chamou a atenção e credito isto ao fato de saber que ali, naquele ser, existe um “eu” e que este “eu” interage muito pouco com as pessoas ao seu redor e com a sociedade em geral.
O autista não é esquizofrênico, não é paranóico, não é neurótico, não é psicótico – é autista. É um ser que acaba tendo limitações intelectuais justamente porque não interage com seu próximo. Ele sofre de um retardo mental devido á falta de interação porque se fechou em si mesmo. Mas é alguém que merece atenção, e foi aí que a palestra me encantou.
A Psicanálise analisa o autista como um sujeito, porque ele tem um querer. Ele gosta de algumas pessoas, de outras não. Ele gosta de algumas cores, de outras não. Ele gosta de alguns ambientes, de outros não. Ele, de alguma forma, sente afinidades, prazeres, desprazeres… então tem alguém ali, claro ! E este alguém merece nosso cuidado, nosso carinho, nossa atenção para que possa se desenvolver. E pasme : para que todos ao redor dele também possam se desenvolver.
Existem relatos de mães que não sabem lidar com seus filhos autistas. Geraram aquele ser, mas não o compreendem, não conseguem se comunicar… e assim, acabam involuntariamente se distanciando de seus filhos. Filhos estes que precisam muito de sua atenção.
Não se sabe ao certo a origem do autismo. Várias são as linhas de tratamento propostas e me parece que a mais adequada é aquela que o trata com uma abordagem interdisciplinar : psicanálise, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição, pediatria, entre outros.
Existe uma polêmica em relação ao tratamento do autista pela Psicanálise, por aqueles que julgam que a Psicanálise vai necessariamente culpar os pais pelo autismo do filho. Isto se baseia nas observações do psiquiatra Léo Kanner na década de 40. Porém, anos mais, ele próprio reformulou suas idéias sobre este conceito, e esta reformulação teve repercussão bem menor do que suas (errôneas) idéias iniciais sobre a Psicanálise e o Autismo.
A abordagem psicanalítica vai tratar da relação dos pais com o filho autista. Vai propor e desenvolver maior interação entre eles, e quando agregada a um trabalho de Individuação com os pais, produz resultados expressivos.
Tenho a alegria de ter feito minha Formação em Psicanálise numa escola que prega o amor aos seus pacientes, que prega olharmos nossos pacientes com o máximo respeito, seguindo os passos de Individuação propostos por Jung.
Tenho uma grande amiga que tem um filho com Síndrome de Down. Ele não é autista, mas também exigiu e ainda exige cuidados especiais. Não me consta que ela tenha procurado um Psicanalista para ajudá-la na educação e no desenvolvimento de seu filho, mas sei que houve e ainda há um fator fundamental e decisivo no crescimento do seu filho : AMOR.