Eu sempre gostei de cachorro. Demorou muito tempo pra eu poder ter um, porque sempre morei em apartamento, mas logo que me mudei pra uma casa… Bem, três dias depois, com a mudança ainda por guardar, compramos o Chico, o boxer mais lindo do mundo !
Claro que ele era o mais lindo do mundo porque era nosso. Mas o fato é que não demorou muito para termos que adestrá-lo. Quem teve boxer sabe o quanto eles são brincalhões e carinhosos, o quanto gostam de crianças e de estar sempre em nossa companhia. E o Chico era assim, adorava estar conosco. Eu dizia que ele era um artista, pois como já disse Milton Nascimento : “Todo artista tem de ir aonde o povo está “- e o Chico gostava de estar com a gente, com o povo. Por isso, precisamos adestrá-lo. Para que pudéssemos receber as pessoas em casa sem que ele ficasse pulando em cima delas o tempo todo. Quando ele atendeu o comando “fica” que eu dei, nem acreditei que ele obedeceu – e minhas visitas também, mal acreditaram.
Depois do Chico veio o Nemo, um vira lata de pastor alemão que estava na rua e elegeu nossa casa como seu lar. Ele ficava em frente ao nosso portão, espantando todos que andavam em nossa calçada. Logo entendemos que ele era nosso, que ela havia nos escolhido. Mas ele não precisou ser adestrado, porque ficava na área de serviço, não entrava dentro de casa, pois a casa já era do Chico.
O Nemo se foi, depois de um tempo pegamos a Linda, outra vira lata que apareceu, desta vez no meu trabalho. Foi amor à 1ª. vista, ela se instalou bem na área de serviço que era do Nemo e hoje tem o privilégio de conviver conosco dentro de casa, após a partida do Chico.
E agora temos o Fred, um pastor alemão capa preta que pegamos filhote, e agora é maior do que eu ! No início, quando eu saía com ele pra passear, ele me dava um baile, ficava puxando a coleira, latia pra todos os cachorros e estava quase mais forte que eu. Ele chegou a arrebentar duas coleiras ! E foi neste momento que eu resolvi : vou ter que adestrá-lo. Vou usar o que aprendi com o adestrador do Chico, pedir algumas dicas pra quem entende de adestramento, e vou eu mesma colocar este cachorro na linha.
Bem… no começo ele me deu um baile ! Continuava puxando a coleira, pulando em cima de mim, saindo em disparada. Mas aos poucos fui aprendendo a colocá-lo no seu devido lugar.
Aprendi com ele que o importante não é a quantidade e sim a qualidade. Que é melhor eu andar poucos metros na mesma rua com ele em rédea curta do que andar o quarteirão inteiro com ele me puxando. Aprendi que devo ser assertiva, que o “não” é “não” e o “sim” é “sim”. Aprendi que ele merece uma recompensa toda vez que me obedece, seja um petisco ou um carinho, um elogio naquele tom de voz que ele adora ! Aprendi que ele me respeita pelo carinho e respeito que tenho por ele, porque se fosse pelo tamanho eu não teria a menor chance.
Depois de mais de um mês nesta toada, agora vejo algum resultado no meu humilde adestramento. Isto é um processo, eu diria que está só no início, mas que tem futuro ! De alguma forma eu estou aprendendo a linguagem dele, e ao aprender a linguagem dele, também estou aprendendo o quanto a paciência é importante em nosso dia a dia, o quanto a perseverança nos premia quando não desistimos.
Se você não tem um cachorro para adestrar, não tem problema, não perca a lição que estou transmitindo aqui e que tenho recebido do meu cachorro diariamente, após já ter ouvido e vivido isto em outras situações : a paciência é diretamente proporcional ao propósito. Quando você sabe o que quer, você tem paciência.