Não sou especialista em comunicação. Também não conheço grandes teorias sobre o assunto, como os grandes publicitários ou renomados oradores. Mas sendo uma pessoa que se comunica, posso usar minha observação para saber qual a melhor forma das pessoas se comunicarem. E também como as falhas de comunicação são mais frequentes do que a gente imagina.

Trabalho com Coaching Afetivo, observo as relações dos casais, concluo portanto que a comunicação necessita de no mínimo duas pessoas para acontecer : a pessoa que fala e a pessoa que escuta. E como estou falando de pessoas, a vida já me deu experiência suficiente para que eu pudesse perceber que quando se trata de pessoas, nada é muito fácil.

Não existe ninguém igual a ninguém. Eu nasci em uma família, recebi um tipo de educação, convivi com um ambiente, tenho valores e opiniões característicos desta minha vivência, que me fazem uma pessoa única. O outro nasceu em outra família, recebeu uma educação diferente da minha, conviveu em outros ambientes, tem valores e opiniões característicos da vivência dele. Logo, ele não pensa exatamente como eu.

Em nossa vida, nos nossos relacionamentos, muitas vezes sem perceber, vamos nos juntando com pessoas parecidas conosco. Um time de futebol é um grupo com uma afinidade, motoqueiros que compartilham o mesmo hobby é outro. Existem grupos de estudo que têm por afinidade o estudo de uma mesma matéria. Podemos também morar no mesmo bairro, ou na mesma cidade, e portanto temos isto em comum.

Por haver esta afinidade, as falhas de comunicação são minimizadas, mas também acontecem. Casais que convivem por anos, relatam no final da relação que não conseguiam mais conversar. E por que isto ocorre ? Porque temos uma tendência à inferência.

Inferir é supor, pensar que sei o que o outro pensa baseado no meu conhecimento sobre o outro, nos meus valores e em minhas experiências anteriores. As relações se desgastam de uma forma tão cruel que no final ninguém quer conversar com ninguém, ambos acreditam que já sabem o que o outro está pensando.

A famosa DR, ou seja, discutir a relação, é abominada pelos homens por causa disto. Eles “já sabem” o que as mulheres querem dizer, se cansam de perder tempo com conversas. Existem também situações em que as pessoas se recusam a conversar porque de antemão já prevêem que a conversa não vai dar em nada, acreditam que o melhor é deixar como está. E quando não se conversa, não se esclarece. Quando não se conversa, não há o esclarecimento das coisas, ou seja, fica-se no escuro, não se permite deixar a luz entrar para clarear a situação.

Falo de casais, mas poderia falar de chefe e empregado, pais e filhos, irmãos e irmãs, parceiros comerciais. O diálogo sempre se dá no mínimo entre duas partes, e por tudo exposto acima, sempre pode não ocorrer e assim dar margem para mal entendidos, mágoas, brigas, acusações…

Existe uma maneira de se resolver parte desta questão, e ela é muito simples : se desarmar. Quando nos propomos a ouvir alguém, deveríamos deixar de lado todos os pré-conceitos que temos desta pessoa e deixá-la simplesmente falar. Na exposição, podemos perceber se o que ela diz é verdadeiro, qual a sua intenção, quais os seus motivos…. um caminho bem mais curto para o esclarecimento, não é mesmo ?

Da próxima vez que você tiver a oportunidade de esclarecer algo, não se prive disso porque você já está saturado daquele assunto ou assume que já sabe o que outro vai dizer. Dê a oportunidade ao outro de falar, aproveite a oportunidade para falar também, procure resolver o que está pendente. Os ganhos serão bons para os dois lados.

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